Por Que Tetris Vicia?
Imagem de divulgação. Foto: Cottonbro Studio

É Verdade que Tetris Vicia?

Existem razões psicológicas por trás de nosso vício em jogar alguns jogos. Então, a resposta curta é: sim, Tetris vicia.

Mas isso não é necessariamente ruim.

Os elementos dos jogos que podem causar vícios também podem nos trazer benefícios, se bem aproveitados e usados para o nosso bem.

Por exemplo, conheça a matéria Tetris Ajuda a Emagrecer e a Largar Vícios

Tetris, o jogo criado por Alexey Pajitnov, Dmitry Pavlovsky e Vadim Gerasimov em 1984, ainda é um dos jogos mais populares do mundo, com inúmeras versões lançadas até hoje.

Grande parte de seu sucesso é devido aos seus elementos extremamente engajantes, mas a verdade é que este não é o único jogo a possuir tais elementos.

Nessa publicação vamos explorar algumas das razões que tornam este e outros jogos tão viciantes e como podemos aproveitar tais elementos.

5 Razões por Trás de Nosso Vício em Tetris

1. Recompensas Constantes

Em primeiro lugar, parte do que prende o jogador ao Tetris é o seu sistema de recompensas constantes.

O jogo é composto por sequências de fácil compreensão que, ao se resolverem, nos provocam uma breve sensação de prazer.

Igualmente à sensação positiva que temos ao completar uma tarefa ou solucionar um problema.

No entanto, assim que uma linha é eliminada no jogo, logo surge a próxima peça incompleta para ser posicionada e resolvida.

Um ciclo sem fim que te prende, pois sempre buscamos a próxima recompensa.

Esse é o mesmo principio que nos prende a tantos outros jogos, aplicativos e até redes sociais.

Queremos ser recompensados pelos nossos acertos e a satisfação é ainda maior quando facilmente podemos identificar esses acertos.

Então, por que não usar esse mesmo sistema de recompensas em estudos e trabalhos?

2. Contribuir Com a Construção de Algo

Da mesma forma que é muito fácil identificar os seus acertos no jogo, é ainda mais fácil identificar os seus erros.

Cada linha perfeita te recompensa ao desaparecer, mas cada peça fora de lugar fica cada vez mais evidente e atrapalha o seu progresso.

Um bom jogador manterá a tela vazia de peças, enquanto um jogador inexperiente estará sempre lidando com as consequências de suas falhas.

Portanto, parte do que nos prende ao jogo é essa sensação de estar trabalhando pela construção de algo, sem erros.

No entanto, ao olhar para a tela, temos a sensação de só ver as nossas falhas. Isso é ruim e se parece muito com a nossa vida, não é mesmo?

Por isso é tão importante o Score, ou pontuação, gravada na tela.

Assim, temos registrado o quanto contribuímos, mesmo que estejamos em uma situação difícil no momento.

3. Facilidade de Aprendizado

O jogo possui uma mecânica extremamente simples, onde o jogador aprende enquanto joga.

Não é preciso ler regras ou fazer complexas adivinhações, apenas visualizar o básico das formas para tentar encaixá-las enquanto giramos as peças que caem pela tela.

Jogos que trazem essa forma de aprendizado simples e lúdica não afastam os jogadores iniciantes, mas sim os prendem pela curiosidade e interatividade.

4. Nem Muito Fácil, Nem Muito Difícil

Ao jogar Tetris, ganhamos prática ao mesmo tempo em que o jogo fica mais difícil.

A velocidade em que as peças caem aumenta de acordo com a quantidade de acertos do jogador, mantendo a atividade sempre desafiante.

Desse modo, o jogo evita se tornar muito fácil, o que causaria tédio nos jogadores, ou muito difícil, o que causaria ansiedade.

Essa é a mecânica que faz as recompensas constantes não perderem a graça. O jogador aprende cada vez mais e se diverte nesse processo.

5. O Jogador Evolui com o Jogo

O jogo começa fácil, mas vai se tornando cada vez mais difícil.

Por isso, Tetris ainda é divertido mesmo quando os jogadores aprendem a jogar.

No jogo, conseguimos perceber com facilidade o nosso avanço e isso nos desafia a ir cada vez mais longe.

Conclusão

Sim, Tetris vicia. Mas o que mais aprendemos com isso?

Que o nosso cérebro busca por elementos que encontramos em jogos, como o Tetris, para nos sentirmos bem.

Além disso, que os mesmo elementos que encontramos em jogos podem ser utilizados em outras atividades do nosso cotidiano, para nos motivar, ensinar e divertir enquanto realizamos tarefas.

Ou seja, conhecendo melhor o funcionamento de nosso cérebro podemos nos desviar de hábitos ruins e emprestar as ferramentas dos jogos para atingir os nossos objetivos.

O Nosso Cérebro Evolui Graças às Mecânicas do Jogo

Além das mecânicas benéficas do jogo que podem ser aplicadas em outros âmbitos de nossa vida, também há diversos estudos que mostram os benefícios do Tetris para o nosso cérebro.

O pesquisador Richard Haier, da Universidade da Califórnia, utilizou em 1991 o Tetris como ferramenta de pesquisa e concluiu que o nosso cérebro melhora a resolução de tarefas difíceis com a prática do jogo.

Foi realizado um experimento onde os participantes jogavam em laboratório 45 minutos de Tetris por dia, durante cinco dias por semana, por oito semanas.

Ao final, o pesquisador registrou um aumento na espessura e na atividade do córtex cerebral dos participantes.

“O cérebro usou mais energia nesse tempo de treinamento e incrementou sua espessura, o que significa mais conexões neuronais após a atividade.”

Outro estudo da Mind Research Network (MRN) em 2009, encontrou melhoras nas áreas do cérebro voltadas à atenção e ao raciocínio.

Por último, uma menção honrosa para o artigo “Brain Tune-Up from Action Video Game Play“, afinal, Tetris não é o único jogo que vicia e nem o único que ajuda a melhorar nossas capacidades cognitivas.

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